terça-feira, 30 de agosto de 2011

As fases de Diana


Diana não consegue falar. Não consegue pensar. Não consegue raciocinar. Não consegue dizer uma palavra. Fique do meu lado, ela diz. Posso deitar no seu colo? - Diana pergunta. Nem respondo e puxo o corpo magro da princesa para perto de mim. É só isso que preciso, ela sussura. Enquanto faço carinhos nos seus cabelos, lembramos das histórias de sua vida.... Histórias lindas, felizes, tristes, complexas, todas dignas de um ser humano comum, "um tanto quanto diferente, convenhamos", mas uma criatura viva. No sentido literal da palavra. Viva nas suas emoções, viva em sua escolhas, viva com seus amigos, viva com o seu amor, viva com a sua família e viva com ela mesma. Diana escuta tudo o que vomito em seus ouvidos e sinto que um choro começa a brotar dela. Chore minha princesa. Chore de alegria. Chore de medo. Chore por seu passado, por suas histórias. Chore por todos aqueles que passaram e passam por sua vida. Chore pela linda princesa que se tornou. Chore por compreender o verdadeiro sentido da vida. Chore pela hipocrisia da sociedade. Por tantas e tantas pessoas que jamais terão a humildade que você tem. A força que emana de sua alma, limpa, iluminada. Como um grande amigo mencionou certo dia, Diana vai sofrer. Muito. Pessoas "diferentes" tendem a causar impactos distintos. Diana entende isso. Diana aceita o que lhe é colocado à prova. Diana me abraça. Forte. Como uma criança que está longe da mãe e não sabe para onde correr. Rezamos juntas. Rezamos não, agradecemos. À Deus ou qualquer outro nome como é conhecido o "Amor Supremo". Diana me pergunta se merece tudo isso. Merece? - respondo. Diana, minha brava princesa, a vida é um eterno recomeço. É uma busca diária por algo que não sabemos exatamente o quê é. Você colhe tudo aquilo que plantou. Diana chora. Seu grande amigo e avô querido que partiu há anos sempre lhe dizia isso. "Quem planta bons frutos, só poderá colher bons frutos." Sábio homem, nascido em 7 de julho de 1914 às 6h, analfabeto e um tanto quanto rude. Diana diz que consegue sentir até hoje o cheirinho que ele costumava lhe dar. A invés de beijo, era um cheirinho (tradição que ela mantém até hoje). Diana está atônita. Meio aérea. Feliz. Com medo. De saco cheio. Cheia de esperança. Completamente recheada de amor. Diana já sente saudades. Um filme passa por sua mente. É o filme de sua vida... quase 27 anos vividos de diferentes formas, jeitos, ideais e zero regras. Damos risada. Diana tem uma certa dificuldade com isso. Digo que nunca é tarde para aprender! My princess concorda. Sempre há tempo para mudanças. Diana quer dormir. Quer conversar. Quer cafuné. Quer passear com sua cachorra. Quer arrumar seu quarto. Quer ficar até mais tarde no trabalho ajudando sua chefe. Quer resolver um milhão de "funções". Quer beijar seu amor. Quer colocar sua família, cachorros e amigos dentro de uma mala e levá-los seja lá pra onde for. Respire, digo eu. Você fará tudo isso. No momento certo Na hora certa. Nos abraçamos e choramos juntas. Parece que descobrimos juntas o sentido da vida. Parecemos que entedemos quem somos. Diana fala baixinho no meu ouvido que está surpresa com ela mesmo. Milhares de borboletas invadem nosso estômago. É hora de dormir. Tenho muitas funções ela diz. No vocabulário gaúcho, funções quer dizer várias coisas para fazer. Agora sim entendi, respondo. Apago a luz e deixo minha princesa pegar no sono.... amanhã é outro dia...

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