quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Um segundo olhar

Sempre disse a Diana que seus olhos mudariam com o tempo. Eu sabia que um dia iria ouvir isso dela. Criei uma capa invisível de auto-proteção, diz Diana. As sensações e os sentimentos mais aleatórios entram na minha alma o dia inteiro. Sou capaz de estar onde quero na hora que quero só fechando meus olhos, completa minha princesa. O tempo é um santo remédio mesmo. Muda os sonhos, os pensamentos, o modo de ver a vida e até a percepção que se tem das coisas. Diana diz que nada poderia ser diferente do que é hoje. Nada. Se todos pudessem sentir o que tenho dentro de mim os obstáculos seriam menores, as decisões da vida mais amenas, a tragédia viraria comédia e literalmente toda sua essência viraria amor só amor, completa. Nada tem sido fácil, obviamente. O medo, a insegurança, o frio na barriga, aquela sensação de impotência perante os desafios. Quando amamos muito temos medo de perder. Mas quando entendemos que o universo conspira a favor daqueles que andam em parceria com ele o contexto da história muda. Você sabe o que precisa fazer, sabe o caminho, entende a dificuldade que enfrentará mas aprende a praticar a sábia paciência... Diana paciente? Pode? Creio não estar entendendo direito, brinco com ela. Pois é, fechar os olhos, respirar profundamente, contar até dez, tudo isso e mais um pouco ajuda, diz Diana. Claro que caímos na gargalhada (como sempre). A idéia do único, especial, enfim, qualquer outra nomenclatura caiu por terra abaixo. Infelizmente somos substituíveis. Pior que somos e dói saber disso, fala Diana com aquela cara de decepção. Pois é princesa, cada segundo do nosso precioso dia é único. Fez, fez. Não fez, tchau. O dia seguinte jamais será igual ao anterior. Quanto à nós.... hum, a história muda. Como diz minha sábia guru, mudam-se as prioridades. Mudando as prioridades mudam também nossos desejos, vontades, objetivos e aí sim somos capazes de substituir as coisas. Vi no rosto quadrado de Diana que ela não gostou das palavras que eu disse. Pergunto à ela e tento entender sua expressão aflita. Tenho dificuldades de colocar em prática essa teoria que parece fácil mas de fácil nada tem, explica Diana. Querida amiga (puxo Diana pelas mãos e encosto sua cabeça em meu ombro), você já viu algo fácil ter graça? Olhe ao seu redor. Relembre os incríveis e surpreendentes momentos de sua vida. Nada faz sentido? Diana se aconchega no meu colo de amiga e solta um forte e longo suspiro.... Captei a mensagem, ela diz. Ser ou não substituível depende muito do contexto de quem está analisando algo ou alguém. Depende de gostos, crenças, valores, sentimentos, experiências. O que é único para um é totalmente dispensável para o outro. Esse é a liberdade da vida, o livre arbítrio. No final de tudo o que bom fica. O que é ruim vai embora. Assim, mudam-se as prioridades, os caminhos, as vontades e os amores...fato: nada é eterno. Tenha uma, duas, três, quantas faces precisar. Reinvente sua história a cada dia. Diana levanta e sorrí. Essa princesa é bem esperta, entendeu rápido meu recado. É o sangue real, diz ela. Sabia que a princesa Diana terminaria essa conversa com uma gracinha.... nos despedimos e eu em meus pensamentos digo: amanhã é outro dia...

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