terça-feira, 24 de maio de 2011

A ouvinte de Diana

Certo dia Diana aproximou-se de mim e pediu que eu apenas a ouvisse. Sem julgamentos. Sem pré-conceitos. Meu dever era ser uma simples ouvinte. A dor de Diana é tão forte, tão intensa e tão presente que ela mal consegue interagir com outras pessoas. Seu coração apertado e estraçalhado por decepções não permite que ela pense. Diana apenas vive. Um dia, dois dias, três dias. É como se o tempo passasse por ela, levasse sua vontade de viver e deixasse apenas dor. Diana é bela, jovem, inteligente e segundo ela mesma fala: auto-suficiente. Como alguém como ela pôde se enfiar em um emaranhado de conflitos. Diana chora. O tempo todo. Lágrimas não existem mais. A pequena mulher chora com o olhar, sem brilho e sem esperança. Diana diz que é diferente, ela não sabe dizer por quê, mas ela é. Dou uma risadinha nesse segundo...rs. Depois me calo e volto a ouví-la. Tudo em que ela acreditava morreu. Diana se tornou oca. Dura. Fria. Ela não demonstra isso a ninguém mas é exatamente a maneira que ela se vê. Seguro então suas mãos frias e brancas e apenas digo: espere, amanhã será outro dia. Diana respira e agradece. Tudo o que ela precisa é gritar e vomitar sua dor. Eu mantenho-me distante e continuo na minha humilde posição de ouvinte...

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